Ana Maria Freitas tem 54 anos e é uma das 20 pessoas que atualmente se “refugiam” no projeto ArTerapia, da ACIP – Ave Cooperativa Intervenção Psico-Social, para que, ainda que por apenas uma tarde por semana, possam esquecer os problemas da vida.
“Quando venho para aqui saio mais leve. Quando aqui estou, não quero saber de mais nada”, conta Ana Maria, reformada desde 2003 e uma das primeiras participantes deste grupo, criado em 2015 com o objetivo de ajudar as pessoas a ultrapassarem a desmotivação e o isolamento, a estimularem a autoconfiança, o espírito de entreajuda e a imaginação com respeito pela individualidade.
O projeto que alia a arte à terapia ocupacional e que a ACIP desenvolve em Joane foi o foco da atenção da última jornada do Roteiro da Inovação, que na passada sexta-feira levou o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, a conhecer a dinâmica deste grupo que todas as semanas se junta para fazer trabalhos manuais, conversar, interagir, aprender e distrair em conjunto.
“É um projeto fantástico e é muito bom perceber que na sociedade civil há associações que estão preocupadas com a comunidade”, disse a propósito o edil, considerando ainda que o ArTerapia está a ajudar a fazer comunidade. “Precisamos que as pessoas falem mais umas com as outras. Devemos estar preocupados com o que acontece à nossa volta. E às vezes as pessoas só precisam de uma palavra amiga, de um conforto, de alguém que as ouça e é isso que a ACIP está a fazer com este projeto”, referiu.
Letícia Campelo, psicóloga e coordenadora do projeto, explicou que inicialmente o ArTerapia se destinava apenas aos utentes do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social da ACIP, mas que os resultados positivos do projeto o levaram a abrir-se à comunidade.
A quebra do isolamento, o aumento da rede de suporte informal e consequente integração social são apontados pela responsável como as principais mais-valias do projeto, gerado no seio de duas Comissões Sociais Inter Freguesias de que a ACIP faz parte, abrangendo um total de 9 freguesias do concelho.
A intenção de replicar “esta boa prática e este projeto com potencialidades” noutras instituições do concelho foi manifestada pelo presidente da ACIP, Francisco Lima. Uma ambição também ela partilhada pelo edil famalicense.
Recorde-se que a ACIP nasceu a 4 de maio de 1999, com a missão de promover a qualidade de vida das pessoas com deficiência/incapacidade. Entre os vários serviços prestados, destaque para o Departamento de Formação, que visa a (re)integração na vida ativa e profissional de grupos desfavorecidos; o Departamento de Educação/Reabilitação, vocacionado para a prestação de serviços terapêuticos a crianças e jovens, e o Departamento Comunitário, vocacionado para a promoção de ações e projetos de âmbito social dirigidos a grupos em situação de desvantagem socioeconómica.