Os doze radiadores que aquecem o jardim-de-infância de Requião, em Vila Nova de Famalicão, são alimentados, desde o início do ano letivo, com pellets produzidos a partir do material vegetal resultante da limpeza de terrenos e matas do concelho, uma nova fonte de energia, que surge no âmbito de um projeto-piloto de economia circular.
Através da recolha de sobrantes do material vegetal decorrente da limpeza da floresta e terrenos, efetuada pelos serviços municipais, a empresa famalicense Tec Pellets produz os pellets que são depois empregues na alimentação das caldeiras de aquecimento desta escola, proporcionando conforto e bem-estar às crianças, poupando o ambiente e os encargos financeiros do município. Só no caso do Jardim de Infância de Requião, a câmara poupa seis mil euros por ano.
O projeto-piloto intitulado “Escola Circular” foi apresentado na passada sexta-feira, em Requião, com a celebração do protocolo entre o município e a empresa Tec Pellets, que se compromete a entregar uma tonelada de pellets, por cada 12,5 toneladas de resíduos fornecidos pela câmara. Desde o arranque do projeto, foram já entregues na empresa 150 toneladas de sobrantes, sendo que, neste momento o município tem um saldo positivo de 12 toneladas. A estimativa é que cada escola tenha um consumo anual de cerca de três toneladas de pellets.
A fonte de energia utilizada até agora no jardim-de-infância de Requião era o gás propano, mas depois de uma avaria na caldeira, a autarquia decidiu adquirir uma caldeira adaptada para pellets, através de um investimento de cerca de 4 mil euros, que permitiu iniciar o projeto de economia circular.
O Jardim de Infância de Mouquim é o próximo estabelecimento de ensino a usar este tipo de aquecimento e, à medida que haja necessidade de renovar as caldeiras de aquecimento, outras escolas serão aquecidas de forma totalmente ecológica, com custos perto do zero.
Para o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, com este projeto inovador, “estamos a diminuir o impacto ambiental nocivo dos comportamentos humanos, para além de ser mais económico e mais eficiente”.
Trata-se de “valorizar e proteger a nossa floresta, através da limpeza, e de criar condições para que os resíduos florestais tenham uma utilidade”, acrescentou o autarca sublinhando ainda o “caráter pedagógico da iniciativa”.
De resto, para Paulo Cunha “esta imagem de economia circular, que tem ganho dimensão fruto das políticas comunitárias, pode ter lugar numa empresa, numa família, como em qualquer circunstância da vida, em que aquilo que são chamados sub-produtos ou resíduos podem ser recolocados no processo produtivo e criar um novo produto útil para a nossa economia com menor custo ambiental e financeiro”.
Por sua vez, o responsável da Tec Pellets, Avelino Reis, adianta que se trata “de uma parceria perfeita, com vantagens para toda a comunidade”.
Refira-se que o único custo deste novo método de aquecimento é o valor da caldeira, que ronda os 4 mil euros, sendo que a poupança anual chega aos 6 mil euros.
Este projeto de economia circular está integrado numa estratégia de desenvolvimento inteligente mais ampla que o município de Famalicão quer desenvolver nos próximos anos no âmbito da instauração do programa Famalicão Smart, cujo o objetivo é criar uma comunidade mais eficiente e mais sustentável.